A leveza e alegria de "Nu, de Botas", Antonio Prata

Vou fazer apenas um comentário breve sobre esta minha última leitura. Nu, de botas foi um presente. Todos nós devemos nos autopresentear de vez em quando, nos dar aquele mimo. Pode ser um horário no salão de beleza, uma massagem, um sapato novo, uma ida ao cinema... Mas, recomendo fortemente a leitura de Nu, de Botas como um agrado à alma. 

Antonio Prata nos oferece uma leitura leve, engraçadíssima e cheia de afeto. As crônicas são memórias do autor quando criança, narrada com a inocência infantil de quem está descobrindo o mundo e acha algumas coisas do mundo adulto um tanto quanto "bizarras". 

Para quem nasceu nos anos 70 e 80, o livro é um grande álbum de recordação. Eu nasci em 1990 e, por mais que algumas coisas já não eram do meu mundo, como o programa do Bozo, eu pude relembrar minha ânsia e desespero discando o telefone com o discador redondo e pesado para os outros programas de auditório infantis da minha época. 

As últimas gerações da infância sem tablet, computador, videogame, completamente sem internet, recheada apenas de brincadeiras na rua e televisão. As crônicas de Nu, de Botas são uma homenagem a esta infância analógica que chegou ao fim. 

Mas mesmo que isso não seja um assunto de interesse, a leitura vale a pena apenas pela risada. Há um texto em particular, sobre a vez que Antonio e suas irmãs estão na estrada e, de dentro do carro, flagram uma cena de sexo oral em outro carro parado no acostamento. A algazarra é imensa. Como ele aponta, aquilo que viram desafiava toda a ordem conhecida. Era como ver um disco voador, um fantasma ou um leão em plena avenida central. O desenrolar dessa história é uma tragédia cômica até o fim. Eu estava lendo essa crônica de manhã, enquanto o Allan ainda estava dormindo, e o esforço que fiz para não gargalhar alto e acordá-lo foi sobrehumano. 

Enfim... Neste blog são tantos os livros melancólicos. Falar um pouco aqui sobre a leveza e bom humor de Nu, de Botas me fez feliz. Como foi minha experiência de leitura com esta obra: divertida e alegre.


Há uma outra crônica na qual o autor fala das artimanhas para não sair da cama pela manhã e ir para a escola. Aquela cama gostosa, o "casulo de cobertas", a "perfeição quase uterina". Depois de muito calcular, ele diz para a mãe "Ai, to me sentindo mal...". A narraçao de toda essa manha teatral segue um caminho que absolutamente todos nós nos identificamos, mas eu pude ver ali o Allan, meu marido, e lembrei imediatamente desta foto que um dia sua mãe lhe enviou por WhatsApp. Era como se esta fosse a imagem da crônica, como se Antonio Prata estivesse falando exatamente desse dia da infância do Allan.
 

Um comentário:

  1. Que legal que vc gostou! Antônio Prata é sensacional! Indico essa leitura pra todo mundo, é realmente um presente!

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