Era uma vez um astro do pop

Willian Bonner: Michael Jackson está morto!
Eu: O que?????

A morte de alguém do nível de Michael Jackson faz nós, meros mortais, lembrar que ninguém, nem Michael Jackson e nem Elvis Presley, é imortal. Nunca se falou tanto sobre ele, nem se mostrou tantas vezes seus clipes e nem se tocou tantas vezes suas músicas.

Nunca fui muito fã desse cantor, gostava de uma música ou outra, principalmente as do início de sua carreira. Até porque, nesses últimos anos, sua imagem me assustava. Quem acompanhou no canal E! da TV a cabo o julgamento do ídolo POP quando acusado de pedofilia, viu que os episódios pareciam um filme de terror misturado com suspense, um verdadeiro thriller. Sua face deformada ajudava o clima pesado do tribunal e as acusações horrorosas.

Mas tão importante quanto o sucesso de suas músicas é o que Michael Jackson representa para o final do século XX. Essa noite, no Jornal da Globo, o colunista musical Álvaro Pereira Jr. comentou esse papel que o ídolo pop representa para essa geração que acompanhou a ascensão e decadência de Michael Jackson. Ele não só faz parte de um momento em que a música negra ocupava um lugar no sociedade segregacionista estadunidense, como representou alguém bastante infeliz com sua própria aparência dentro de um padrão de beleza branco, magro e de cabelos lisos.

No final dos anos 60 começo dos anos 70, a segregação racial nos Estados Unidos diminui um pouco, o que permite uma aproximação da música negra com o restante da população branca estadunidense. Um outro exemplo disso além de quem estamos falando é Stevie Wonder. Dentro desta perspectiva Michael Jackson logo se destaca entre seus irmãos dentro da banda da qual faziam parte: os Jackson Five. Assim, ainda quando era integrante do grupo, já lançava álbuns solos. Tudo isso graças ao carisma que Michael Jackson possuia, indispensável para um astro da música pop. Além de se caracterizar como sendo um artista completo. Sem desmerecer, é claro, outros artistas, MJ não só aparecia no palco para cantar, era ele quem escrevia e compunha suas músicas, criava as coreografias e exercia papel bastante importante na direção de seus videoclipes.

É inegável dizer que a partir de um determinado momento o astro entrou em decadência. Afundou-se em dívidas, envolveu-se em escândalos como quando foi acusado de pedofilia e quando pendurou seu filho ainda bebê pela janela, sempre foi de uma saúde frágil e era conhecido por ser viciado em analgésicos. Se ele realmente praticou pedofilia é difícil dizer, mas quanto ao seu filho pendurado na janela do quarto do hotel, é como meu pai disse: ele nem sabia o que estava fazendo. Uma pessoa que não tem jeito, nem prática de cuidar de crianças, foi apresentar o filho pela janela, e acabou, sem querer, pendurando-o do jeito que fez.

Tudo isso tem a ver com uma fragilidade emocional e física. Era muito criança quando entrou nesse mundo de celebridade, ausente de qualquer maturidade psicológica, e acabou sofrendo com sua própria fama. Esta foi tão grande que acabou tornando-se destrutiva. Ainda sim, devemos muito a Michael Jackson pela revolução que ele causou na música pop, graças ao seu talento imenso e único.

Talvez ele adquira a mesma fama que Elvis, e há quem diga por aí que Michael Jackson não morreu. Sobre isso aliás, tenho algo a acrescentar: há os que perdem seus batimentos cardíacos, suas características biológicas, mas nunca morrem. Há muitos por aí que comprovam isso.