Iluminismo na Espanha do século XVIII

É conhecimento comum a todos o fenômeno Iluminista que ocorreu na Europa que se estendeu do final do século XVII até o início do XIX. Aprendemos na escola os principais ilustrados que são em sua grande maioria franceses e ingleses e as grandes conseqüências que isso trouxe para o continente, especialmente e com grande ênfase para a França.O problema é que, apesar de ter sido um fenômeno de proporções geográficas bastante extensa, a região Ibérica teve particularidades bastante significativas.


Até o século XVI, Portugal e Espanha gozavam de um prestígio de muitos poucos. Eram os protagonistas econômica e politicamente na Europa. Dominavam os mares e extensas terras em outros continentes além do intenso comércio de especiarias entre Ásia e Europa. Mais tarde, graças às possessões americanas, eram referência em metais preciosos e no comércio açucareiro (este último, como bem sabemos, não tão monopolizado pelos portugueses).


Pois bem, em especial na Espanha, com o surgimento do Iluminismo, que surgiu e caminhou ao lado do Iluminismo francês, tinha uma particularidade. Os Ilustrados espanhóis tinham consciência de sua real ou suposta decadência (Agesta). Assim, como falar em progresso diante de uma Espanha em decadência (não em crise!)? Além disso, ao contrário dos grandes ilustrados ingleses e franceses que vemos no ensino regular, que em sua maioria são ateus, deístas e lutadores bravos a favor da razão contra a Igreja, os ilustrados espanhóis, em sua grande maioria, faziam parte do clero. Como então reconciliavam a razão com a religião católica?


Diante de sua real decadência, a Espanha enfrentava no século XVIII a queda da arrecadação da prata, aumento da inflação, perdas dinásticas significantes como a independência dos Países Baixos, o fim da União Ibérica e em 1640 a quase perda da Catalunha. Os escritores do próprio século XVIII já viam seu querido país incapaz de alcançar o crescimento econômico da Holanda e da Inglaterra. Tudo isso dentro de uma perspectiva histórica da época em que tudo acontecia em ciclo. Se um dia a Espanha foi o grande Império que foi, agora era a hora de sua decadência, e nada podia se fazer sobre isso.


Essa idéia de história cíclica mudou com o Iluminismo. O homem tinha razão e por isso poderia mudar a história. Assim, o progresso para a Espanha ilustrada mostrou-se como sendo sua salvação e, para isso, era preciso iluminar seus cidadãos para que fosse possível mudar o país mudando, primeiramente, os espanhóis.


Mas por que suposta ou real decadência? Luis Sanches Agesta, um historiador do século XX, questiona essa real decadência considerada pelos espanhóis do século XVIII. Será que a Espanha foi tão grande assim? Mesmo em seu auge de Império, a nação espanhola enfrentou outros problemas, não tão equiparáveis com os que ela enfrentava no século XVIII, é claro; mas enfrentou.


Quanto à fé, os ilustrados espanhóis muito convincentes foram ao enunciar que a religião católica era a mais racionável de todas. Assim, apesar de muitos problemas contraditórios encontrados nesse assunto, conciliaram muito bem a fé e a razão na Espanha Ilustrada.