Roteiro de leitura - M. Chauí

Nesta última semana li uma parte do maravilhoso e bastante difícul livro da Marilena Chauí. Acredito que todos conhecem essa grande filósofa, seja porque ouviu seu nome na televisão ou porque durante a escola o professor comentou sua obra. Sua linguagem é densa e pesada e por isso, realizei um roteiro de leitura de um determinado capítulo do livro: "Crítica e Ideologia". Este capítulo, que segue uma corrente materialista, é interessantíssimo e, caso eu fosse transcrever todas as idéias e conclusões tiradas, o post seria imenso. Para facilitar então, colocarei aqui apenas alguns dos quais achei mais interessante dos tópicos do roteiro. Em algumas partes, há trechos transcritos e em outras trechos de minha própria autoria.

O que se entende por sociedade propriamente histórica?
Sociedade propriamente histórica é aquela que, diferente da sociedade histórica, problematiza o tempo, sua história. Através da ideologia, faz uso de datas próprias, instituições próprias e precondições específicas para não estar no tempo, mas ser o tempo. Em outras palavras, toda a sociedade é histórica porque é temporal, porém, a sociedade propriamente histórica tematiza sua temporalidade, transformando-a em objeto de reflexão. Como conseqüência desse processo, a ideologia ganha um sentido concreto e continuamente cria internamente sua diferença consigo mesma. Essa petrificação do tempo característica da sociedade propriamente histórica, por sua vez, só pode ser alcançada pelo uso da violência e da máscara de uma identidade fixa, manejada pela ideologia.
Há um terceiro tipo de sociedade, que não se encaixa muito bem nessa classificação. É a sociedade que oferece a si mesma uma explicação que transcende a própria sociedade e assim lhe garante intemporalidade. Vista sob nosso ponto de vista ela é sim histórica, mas para ela mesma não. Encontramos essa característica em sociedades orientais, cujo tempo é encarado como cíclico e a história não é registrada, mas contada oralmente.


Exlique o conceito de ideologia como discurso lacunar
O discurso ideológico é feito por lacunas, por espaços em brancos e é graças a isso que seu discurso faz sentido. Essa coerência é o fato de que se mantém com uma lógica coerência e que exerça poder sobre os sujeitos sociais e políticos. “É porque não diz tudo e não pode dizer tudo que o discurso ideológico é coerente e poderoso”. Se tentarmos preencher os espaços em branco, não transformaremos um discurso ideológico ruim em um discurso ideológico bom, destruiremos em verdade sua condição de ideologia.


Por que a ideologia se mantém?
Uma vez que a ideologia se mantém na recusa da realidade, cabe a pergunta de como e por que ela se mantém. Em outras palavras, é preciso entender como a vida social e política oferece meios para reforçar a ideologia.
1° motivo: caráter imediato da experiência a faz permanecer esmagda no desconhecimento da realidade concreta, isto é, do processo de constituição da sociedade e da política. Ou seja, o fazer, a prática, que é feita e logo acaba, não está envolvido com seus processos mais amplos de porque’s e conseqüências, caracterizando, se eu não estiver enganada, num processo de alienação de seus agentes.
2° motivo: a ideologia oferece um “bem-estar” aos indivíduos sociais e políticos retratando uma realidade falsa como idêntica, homogênea e harmoniosa, fornecendo aos sujeitos uma resposta aos desejo metafísico de identidade e ao temos metafísico da desagregação. É uma exigência metafísica dos sujeitos sociais e políticos. A ideologia propicia uma experiência de racionalidade organizada e de lugar “natural” de cada ser humano, e é isso que dá à ideologia força total. Aqui é a primeira vez que usam a metafísica como um argumento concreto.

7 comentários:

  1. eu tenho um livro dessa autora chamado "introdução à filosofia", q estudei durante uma disciplina de mesmo nome no primeiro semestre do meu curso.
    mas nem valeu muito a pena comprar, pq gastei uma nota e a gente soh estudou os filósofos pré-socraticos, axo q num dah nem metade do livro...
    sou meio preguiçoso pra ler, como vc jah deve ter percebido pq quase nunca comento aki, mas o poko q li gostei.

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  2. Gi, esse texto não tem polêmica, não tem o que discutir... hehehehehehe


    Mas, colocando a última parte do texto em linguagem popular, seria dizer que a sociedade tem medo do novo e por isso, se "satisfaz" com o que tem?


    Das décadas de 50 em diante, cada década tem sua "personalidade", tem suas características, como seria isso, então? 10 anos são bem pouco pra história...

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  3. Legal Gi, mas...temo dizer que entendi muito pouco do texto. o.o


    Você me explica depois ? xDDD

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  4. li uns dois textos da Mariana Chauí quando tive a cadeira de int. à Filosofia também. Não me recordo bem o conteúdo dos textos, mas não lembro de ter sido tão denso como essa assunto aí não. Engraçado que tou tendo a cadeira de teorias da personalidade e teve um texto que falava justo o oposto do que diz em parte desse texto da Chauí. Fala da derrota do sujeito que vive sem o que acreditar, sem ideologias, sem lutar pelas coisas e caracteriza a explosão de depressivos por aí, que substitui a histeria da época do Freud. Boa discussão!
    Parabéns pelo texto! Penso muito em estudar mais filosofia. O que estudei no começo do curso foi muito pouco diante da importância do assunto para uma compreensão mais completa da psicologia.

    Beijos. Desculpe pela ausência ^^

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  5. Acho interessante essa ideia da autora, embora vá um pouco contra do que estudamos em letras. No caso, a ideologia não habita esse espaço vazio. Muito pelo contrário, ela só se mantém devido a tudo que está por trás dela, e só existe hoje porque já existiu no passado. Até porque, o que nós estudamos em si é o discurso (não sei se vocês estudam Bakhtin e Ducrot, por exemplo), que tratam de conceitos como a polifonia e as Formações Discursivas (que se baseiam e se formam mediante e perante as ideologias).

    Mas essa é uma discussão extensa, que podemos ter em outro momento. No geral, acho que o interessante é justamente ter acesso a autores e pensadores que tragam uma visão distinta da que se estuda normalmente. Já pensou em tentar realizar tópicos "lineares"? Como, por exemplo: essa semana apresento o tópico a, semana que vem o b, depois o c e, enfim, uma conclusão que se chegou perante a visão do autor ou algo do gênero. Ou seria uma ideia muito chata?
    Bom, pelo menos dei uma ideia, hehehe
    Beijão!

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  6. *Marilena

    foi mal o nome da mulher é "Marilena" e não "Mariana"hehe

    ;*

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  7. Tanto a se aprender...
    Mas, enfim, espero mais crônicas sua.

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