O trabalho escravo no Brasil Colonial

Algumas perguntas rodeiam a escravidão no Brasil. Por que foi necessária a escravidão? Por que africana? E que sociedade era esta (só porque tem escravos, não significa que é uma sociedade escravista)? São algumas das perguntas que nos ajudam a entender esse sistema de trabalho que perdurou por três séculos em nosso país.

No Antigo Antigo Sistema colonial, a colônia se colocava na retaguarda da metrópole, que possuia um exclusivismo gerador de super lucros. A subordinação dos senhores de engenho, reféns da esfera comercial, permitia uma quase total transferência de renda da colônia para a metrópole. Por sua vez, o trabalho assalariado diminuiria os lucros pois aumentaria o custo de produção. Por isso que, de início, o trabalho escravo indígena era mais lucrativo.

Fugindo um pouco do aspecto totalmente mercantil do trabalho escravo, tem-se também o aspecto social. Os portugueses que vinham ao Brasil eram em sua maioria pertencentes da população mais pobre de Portugal, que vinham para cá almejando uma ascensão social. Oras, o trabalho manual era algo degradante e, por isso, possuir escravos para fugir do trabalho e ainda permitindo seu senhor enriquecer, era algo prestigioso. Essa característica do trabalho manual como algo vergonhoso se estendeu até o século XIX, que acompanhou a chegada dos trabalhadores imigrantes.

Pois bem, por que então não se continuou com o trabalho escravo indígena? O aprisionamento dos índios não participava das engrenagens do capital mercantil. Já o tráfico de escravos africanos, faz movimentar o capital, enriquecendo ainda mais a metrópole. O tráfico ainda era impulsionado, ou ajudado, pela natureza. As correntes marítimas do Atlântico entre a América do Sul e a África, facilitam o movimento dos navios de aprisionamento.


É por isso que Luiz Felipe de Alencastro diz que até os anos 30 do século XX, o Brasil não teve uma força de trabalho territorial, toda ela vinha de fora.

A questão social do Brasil Colônia é um outro caso. Não é por que tem escravo que a sociedade é escravista. A sociedade colonial brasileira é escravista porque a escravidão penetrou nas relações sociais de tal forma que as distinções sociais eram estabelecidas a partir desta. Se o indíviduo já foi, é, ou possui escravos. Pobre é aquele que não tem escravo e rico é aquele que tem. E quanto mais escravos, mais rico é. E não é só o trabalho por si só. Mesmo quem foi alforriado, fica as margens da sociedade por uma vez já ter sido escravo.

Em outras palavras, não há possibilidade de vida fora da escravidão.

Havia negros escravos, que possuíam escravos. Um escravo jovem, forte e artesão, por exemplo, que consegue juntar um dinheiro e comprar um escravo velho, doente, manco e sem dentes, já ascende socialmente entre os próprios escravos.

As marcas destes três séculos de escravidão, carregamos até hoje. Um exemplo que ouvi durante a aula é muito ilustrativa. No Brasil Colonial, a senhora que passeia pela rua com suas mucambas é se mostrar tão rica que pode ter tantos escravos ao ponto de ter escravas que não precisam fazer nada a não ser acompanhá-la. Hoje, em fins de semana, é possível ver em shoppings frequentados pela mais alta classe social, acompanhados de babás. Salvo alguns casos, isso só mostra o quanto são ricos para pagar uma babá num final de semana e ainda levá-la para passear ao shopping. Hoje em dia, ter um personal trainer, uma acessor, uma secretária, uma leva de empregados... Tudo isso é ascensão social. Ou, como os economistas falam - que, confesso, faz isso parecer mais bonito - o luxo de algumas pessoas, criam empregos para outras e distribuição de renda.
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Mudando de assunto, fiquei felícissima com o último comentário do post anterior, do Paulo Henrique. Que bom que eu faço ótimas indicações. Rs.

Mas realmente, tenho tido muita sorte nas minhas leituras ficcionais. Primeiro porque ganhei maravilhosos livros de presente e também porque tenho alguém que também sabe fazer ótimas recomendações - como no caso de Gomorra. Agora estou lendo Crime e Castigo de Dostoiévski. Comecei a ler com nenhum interesse e agora não penso e nem falo de outra coisa. Mesmo com sono consigo ler de dois a três capítulos.